terça-feira, 27 de outubro de 2009

Os insubstituíveis

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Manuel António Pina
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Sou dos que estão de acordo com a prioridade dos deputados na vacinação contra a gripe H1N1, ao lado dos profissionais de saúde "dificilmente substituíveis", e os do INEM, do Instituto do Sangue ou da Linha Saúde 24.
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Como nos naufrágios, primeiro os deputados, depois as mulheres e as crianças. Precisamos, de facto, dos deputados como de pão para a boca. Se eles calhassem de apanhar a gripe, o país pararia; sem as suas intervenções antes, depois e durante a Ordem do Dia, não saberíamos que fazer nem que pensar; sem as suas votações levantando-se e sentando-se disciplinadamente às ordens das direcções partidárias, seria o caos no país e nas consciências; e sem o Canal Parlamento a vida perderia sentido. Parafraseando Brecht, sem os deputados "o trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima (…)/ E atrever-se-ia o Sol a nascer/ sem [sua] autorização"? Não entendo, por isso, os que defendem que os doentes crónicos e de risco deveriam ser vacinados primeiro que os deputados. Doentes é o que mais há e, se morrerem, podem substituir-se com facilidade. E ainda se poupará em despesas de saúde.(Jornal de Notícias)
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2 comentários:

Quint disse...

Esses tipos são como as ratazanas! E mais não digo.

Marreta disse...

E políticos doentes, esses então pululam!

Saudações do Marreta.