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Em resposta por escrito a seis perguntas da TVI, José Sócrates diz não ter sido confrontado nem com factos nem com provas quando foi interrogado
José Sócrates diz que não foi confrontado com provas ou factos quando foi interrogado pelo juiz Carlos Alexandre, defendendo que "este processo, na sua natureza, tem contornos políticos". O ex-primeiro-ministro, que está detido preventivamente, respondeu por escrito a seis perguntas feitas pela TVI, dadas a conhecer esta sexta-feira.
"Desconheço as motivações deste estranho processo, sem indícios nem provas, onde todos os crimes são vagamente presumidos e só a prisão é concreta", disse. "Este processo é, na sua essência, político."
Sócrates afirmou ainda que "daqui à suspeita de perseguição política, não é um passo de gigante, é um pequeno passo".
"Não fui confrontado nem com factos, quanto mais com provas", respondeu. "E isto é para todos os crimes que me imputam, que considero gravíssimos para quem exerceu funções públicas."
Em relação ao crime de corrupção, que diz ser "o mais detestável" a imputar a um ex-governante, Sócrates diz que "em nenhum momento, nem a acusação nem o juíz foram capazes de me dizer quando e como é que fui corrompido". "É uma pura invenção", assegura, garantindo que "não há nem podem existir" provas. "E por uma razão simples, porque não aconteceu."
O ex-primeiro-ministro considera que todo o processo é uma "caixinha de presunções". E uma delas é a sua ligação ao dinheiro de Carlos Santos Silva. "Deu-lhes para presumir, embora sem qualquer prova nem indício, que eu obtive esse dinheiro através de corrupção", argumenta. "É com base nesta teoria, toda ela inventada, que presumem também os outros crimes, porque todas as movimentações financeiras daquele dinheiro são entendidas como operações minhas, que configuram branqueamento de capitais e fraude fiscal."
Entre as perguntas a que respondeu, José Sócrates considerou que a prisão de Carlos Santos Silva e do seu ex-motorista João Perna é "injusta e injustificada". Sócrates nega as idas do seu motorista a Paris e em relação às malas de dinheiro que ele alegadamente transportara afirma que essa ideia faz parte da "dimensão galática da investigação".
O ex-primeiro-ministro disse ainda que "não fazia a mínima ideia" que estava a ser investigado, até às buscas em casa do filho.
"Como já escrevi, a prisão preventiva foi aqui utilizada para investigar, mas também para aterrorizar, para despersonalizar e para calar", disse. José Sócrates afirma ainda que quem "quis esta prisão infundada sabe bem que a prisão funciona como prova aos olhos da opinião pública."
Sublinhando os contornos políticos da situação, o ex-primeiro-ministro lembrou ainda que o processo "inevitavelmente" terá consequências na disputa política. "Veremos quais. Como já disse, isto ainda agora começou."(Expresso)
Notas do Papa Açordas: Em Portugal o carro anda à frente dos bois, isto é, prende-se para investigar!...
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