terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A ministra que dá entrevistas mal

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Perguntou-lhe o Expresso: "Fala ao telemóvel com tranquilidade?" Respondeu Paula Teixeira da Cruz: "Falo como se fosse para um gravador." Pareceu-me mais uma tecnoexcluída. Lembrei-me dum igual, Salgado Zenha, que disse que metia gasolina no radiador. O país riu muito, e bem precisávamos (estávamos nas vésperas do Verão Quente). Zenha deve ter rido também, e podia. Não ficou com a honra do cargo beliscada: ele era ministro da Justiça e não deixa de se ser um digno governante se o carro cair em pane com o depósito seco. Mas o caso de PTC, também ministra da Justiça, é diferente. Ela foi para a entrevista do Expresso com dossiers, manuseou-os e citou-os. Mas quando chegou à questão de as conversas telefónicas serem escutadas nos processos jurídicos, ela resvalou para o indecente. O jornal perguntou: "Ouve barulhos esquisitos ao telefone?" Ela respondeu: "Há tantos barulhos esquisitos na vida." Depois, aconteceram a pergunta e a resposta já referidas no começo da crónica. Quer dizer, das duas vezes PTC foi curta, em tamanho e moral, como uma piadola. Isso, quando há escutas extraídas de processos em segredo de justiça - à guarda de magistrados e só deles - que vêm sendo publicadas! A ministra em vez de zelar pela honra do seu ministério, desdenha dela. Goza com o escândalo que acontece na importante casa que lhe confiámos. Senhora ministra, que tal dar entrevistas como se fosse para um gravador? (Ferreira Fernandes - Diário de Notícias)

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