sexta-feira, 16 de março de 2012

De novo nos "tops"

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Manuel António Pina

Como no anúncio televisivo, "ainda sou do tempo em que" um bilhete
de autocarro custava oito tostões (menos de meio cêntimo) e que
Portugal era campeão europeu de hóquei de patins e de mortalidade
infantil. Uma das muitas malfeitorias do 25 de Abril foi tirar-nos, em
poucos anos de SNS, o honroso título de mais crianças mortas no
primeiro ano de vida, relegando o país para o fim dos "rankings"
mundiais.

38 anos depois do 25 de Abril, graças aos esforçados mandatários dos
"mercados" que nos governam, chegámos de novo aos "tops" da Europa:
segundo o Eurostat, Portugal foi, no último trimestre de 2011, o segundo
país mais rápido da UE (logo a seguir à Grécia) a destruir empregos, com
a notável marca de mais 3,1% de empregos eliminados do que em igual
período do ano anterior; ao mesmo tempo, somos agora, "ex-aequo"
com a Irlanda, campeões europeus da redução de salários nos empregos
(ainda) não eliminados.

Quanto à mortalidade infantil não há, para já, dados recentes. Em
contrapartida, só em duas semanas morreram em Portugal, segundo o
Instituto de Saúde Ricardo Jorge, 6 100 pessoas de frio e gripe, a maior
parte idosos com mais de 75 anos. Os aumentos das taxas moderadoras,
juntamente com a redução das prestações sociais, mais os aumentos da
electricidade e gás, que levam muitos reformados pobres a não poder
ligar os aquecedores, estarão, segundo especialistas, na origem da
assinalável "perfomance".(Jornal de Notícias)
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