sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Os pobres que paguem a crise

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Manuel António Pina
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As notícias ontem vindas a público sobre o OE para 2012
confirmam as piores expectativas: o actual Governo, ao mesmo
tempo que não mostra disposição de, como insistentemente o
PSD reclamou na oposição e Passos Coelho não menos
insistentemente prometeu em campanha, cortar nas famosas
"gorduras" da Administração Pública, pretende pôr os mais
pobres e necessitados, os doentes sem recursos e, no caso da
Educação, o próprio futuro colectivo, a pagar a crise.

A lógica é de elegante simplicidade: a caridade (além do mais,
as boas acções têm cotação certa na Bolsa do Céu) substitui com
vantagem a Segurança Social que, por isso, poderá bem ficar sem
200 milhões de euros; o SNS sofrerá, sem anestesia, cortes de
mais de 800 milhões (o Ministério das Polícias, que terá mais 400
milhões, se encarregará de nos tratar da saúde se necessário); e a
Educação, agora por conta de um matemático, há-de ter arte e
engenho para poupar 600 milhões (três vezes mais do que previsto
no acordo com a "troika"!).

Será, assim, o odiado Estado Social a pagar a factura das
dificuldades do país a quem, bancos, grandes empresas
recordistas de despedimentos e os "25 mais ricos" do costume,
ganha com elas.

Porque, como em "O dilúvio universal", de Zavattini/De Sica,
quando as águas da catástrofe sobem, há sempre quem faça
negócio a vender guarda-chuvas ou organize orgias em "penthouses"
no terraço e passe o fim dos tempos em beleza.(Jornal de Notícioas)
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1 comentário:

Vida em Sociedade disse...

Olá, Fiz um link para o seu blog no meu aqui. http://vida-em-sociedade.blogspot.com/2010/10/nossa-senhora-de-pequim.html Me avise se tiver mais notícias sobre a China, ok. Viu que um dos links foi retirado? Deixei assim mesmo. Veja esta minha petição sobre o Chifre da África, talvez possa assinar. http://vida-em-sociedade.blogspot.com/2011/10/novo-apelo-do-papa-para-o-chifre-da.html