"Estava escrito nas estrelas. Quando Emídio Rangel pegou em José Sócrates e Pedro Santana Lopes e os colocou frente-a-frente nas noites de domingo numa nova RTP1 que queria mais combativa, estava a dar dois sinais. Não só que a televisão pública estava na luta e queria disputar terreno à TVI e já então a Marcelo Rebelo de Sousa, como, sobretudo, que a televisão pode de facto ter um poder determinante na construção das personas políticas. Não tanto na venda de sabonetes ou de Presidentes da República, como o próprio defendeu no documentário de Mariana Otero, Esta Televisão É Vossa, exibido no canal Arte, mas na afirmação de qualidades intelectuais e de capacidades de comunicação, cada vez mais essenciais numa sociedade mediatizada como a nossa e, sobretudo, numa vida política assente mais na urgência dos soundbytes do que na substância das reflexões sobre a nossa existência comum.
Santana Lopes e José Sócrates lá estiveram durante um ano e meio, com os dotes retóricos que todos lhes reconhecemos. Não bateram nunca Marcelo, mas chegaram onde o professor nunca conseguiu: a São Bento. Em momentos diferentes, em circunstâncias diferentes e ambos com heranças (e responsabilidades, reconheça-se) diferentes, pelo tempo que lá estiveram.
António José Seguro e António Costa preparam-se na próxima semana para iniciar um ciclo de três debates televisivos, um em cada canal. Não é assunto que interesse só aos socialistas militantes, já que, pela primeira vez, um despique interno de um partido está aberto à sociedade civil. O que a televisão vai fazer é ajudar a sufragar aquele que pode vir a ser o próximo primeiro-ministro. Não é coisa pouca."
(Nuno Azinheira - Diário de Notícias)
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