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"Estamos mesmo à beira do desastre? Sei que muitos consideram o ponto de interrogação supérfluo. Mas eu vejo nos líderes um tal deixa andar que o desastre iminente só pode ser tremendismo a mais. Se a crise fosse o que dizem que ela é, os responsáveis políticos já teriam reagido como se impunha. Porque o problema de Portugal é, antes do mais, um problema da direção de Portugal. De todos os países críticos semelhantes ao nosso, a Itália é o que se tem comportado melhor: soube arranjar um líder. Tinha um com um problema reconhecido: era desrespeitado. Trocou-o pelo oposto, por um Mario Monti credível. Se a crise fosse o que dizem que ela é, faríamos o mesmo. Há certamente legítimos e legais mecanismos extraordinários para a mudança. Se a crise fosse o que dizem que ela é, nos mudados haveria o patriotismo da renúncia - e eles saíam pelo seu pé. Umas eleições presidenciais ad hoc devolviam--nos um Chefe do Estado respeitado, e o candidato natural seria Ramalho Eanes. A liderança do PSD passaria de um impreparado para alguém competente. Seguindo igual método (detetar o defeito maior e substituí-lo pelo oposto), no PS um fraco daria lugar a um forte. No CDS não se mexia, para as suas funções está bem entregue. Com uma liderança assim tínhamos a nação convencida de que estávamos no mesmo barco, meio caminho andado para aplicar um programa, com prazo, só virado para a crise. Isso, claro, se a crise fosse o que dizem que. ela é.(Ferreira Fernandes - Diário de Notícias)
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
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