Apesar do prognóstico reservado, os médicos estão “optimistas” quanto à recuperação da menina paquistanesa que queria estudar
“Conhecem Malala Yousafzai?”, perguntou o homem depois de mandar parar o autocarro que levava jovens a casa depois das aulas. “Sim, conhecemos. Está ali”, apontaram para um dos bancos do autocarro onde estava sentada uma rapariga. O homem tirou uma arma do bolso e abriu fogo sobre as adolescentes, atingindo Malala na cabeça. Malala Yousafzai, a menina paquistanesa que desafiou os talibãs porque queria ir à escola, sobreviveu a este ataque e, apesar de o prognóstico ser muito reservado, os médicos do Hospital Queen Elizabeth em Birmingham, para onde foi transferida na segunda-feira à noite, dizem estar “impressionados com a sua força e resiliência”. Não é para menos.
No início de 2009, os talibãs ocuparam a província de Swat, onde Malala Yousafzai, na altura com 11 anos, vivia com a família. Além dos constantes ataques à região com artilharia pesada, os talibãs proibiram as mulheres de sair à rua e as meninas de frequentarem a escola. Malala começou então a escrever um diário – assinando com o pseudónimo Gul Makai – para a BBC Urdu, onde descrevia a sua frustração e tristeza por ser impedida de aprender (ver caixa ao lado). Na altura a menina já sabia inglês e tinha a ambição de ser médica. Durante mês e meio as descrições de Malala impressionaram quem acompanhou o diário online pela descrição do domínio dos talibãs feito pela menina.
Após um acordo entre governo e talibãs em Fevereiro de 2009, o grupo fundamentalista deixou de ocupar a região de forma permanente, voltando no entanto para ataques fortuitos. Com a crescente popularidade do diário, Malala assumiu-se como a sua autora e começou a aparecer na televisão, defendendo a educação feminina no país – o seu pai é também um activista na área da educação. Em 2011 foi nomeada para o Prémio Internacional de Paz para Crianças e recebeu o Prémio Nacional de Paz atribuído pelo Paquistão, que passou a chamar-se Prémio Nacional da Paz Malala. Agora com 14 anos, Malala ambicionava criar um novo partido político, centrado na promoção da educação. O ataque à jovem “chocou um Paquistão que não se choca com nada”, escreveu Samira Shackel, jornalista do “New Testament”.
Notas do Papa Açordas: Não se compreende como uma criança possa ser baleada, apenas por querer estudar. Estes talibãs são de uma violência extrema. Oxalá tenham rapidamente o que merecem: a morte... Os nossos desejos de uma rápida recuperação para Malala.
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