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Manuel António Pina
Deixa-me sempre pesaroso (embora só agora tenha assistido a
tal coisa) ver o Fisco exigir 750 mil euros de impostos a um
pobre trabalhador, mesmo que esse trabalhador seja o homem
mais rico de Portugal e um dos 200 mais ricos do Mundo. Ainda
por cima, o Fisco assaca a Américo Amorim coisas feias como ter
feito, sem licença, obras de engenharia criativa na contabilidade
das suas empresas.
A má vontade da Justiça contra Américo Amorim não é de hoje.
Já em 1991, o MP o acusara de abuso de confiança e desvios em
subsídios de 2,5 milhões de euros do Fundo Social Europeu;
felizmente Deus e a morosidade dos tribunais escrevem direito
por linhas tortas e o processo acabou por prescrever. Depois foi a
"Operação Furacão" e uma investigação por fraude fiscal e
branqueamento de capitais, mas tudo acabou de novo em bem e
sem julgamento.
Agora as Finanças não compreendem os contratempos hormonais
das empresas de Américo Amorim e recusam aceitar como despesas
os seus gastos em tampões higiénicos e outras exigências da
feminilidade como roupas, cabeleireiros ou massagens. Até as contas
da mercearia e festas e viagens dos netos o Fisco acha impróprias de
um grupo de empresa só pelo facto de os grupos de empresas não
costumarem ter netos.
Um trabalhador consegue juntar um pequeno pé-de-meia de 3,6 mil
milhões e o Estado quer reduzir-lho a pouco mais de 3,599 mil milhões.
Muito ingrato é ser trabalhador em Portugal! (Jornal de Notícias)
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sábado, 3 de dezembro de 2011
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