GNR limita-se a receber queixas, enquanto manadas de vacas e rebanhos de ovelhas estão a desaparecer. Agricultores preparam milícias
O mundo rural está em pé de guerra. Já não são os roubos sistemáticos do fio de cobre dos pivots que regam as searas ou as plantações de milho que fazem parte do rol de queixas. Agora são atacadas manadas inteiras de vacas e há olivais recém-plantados que desaparecem durante a noite. Os agricultores falam de crime organizado, descrevendo situações em que são utilizadas gruas para roubar todas as alfaias de uma propriedade, situação confirmada pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) ao i. Em resposta, os agricultores estão a começar a organizar-se em milícias para defenderem o seu património. Muitos estão mesmo a desistir da actividade porque já não têm capacidade para reinvestir.
A GNR deixou de fazer patrulhamento nestas áreas. Limita-se a registar queixas contra terceiros que acabam nas gavetas porque não há forma de identificar os ladrões. Alenquer, Ribatejo, mas também no Norte do país, chovem participações, num tipo de crime que aumentou cerca de 25% desde o início do ano.
"A situação chegou onde chegou mas não é por falta de pessoal", diz José Alho, presidente da associação socioprofissional da GNR. Queixa-se antes da má afectação de recursos. "Nós temos um rácio de 5 polícias por mil habitantes, muito superior ao de outros países da União Europeia. Só que 50% dos efectivos das polícias criminais estão afectos a tarefas burocráticas, como barbeiros ou pessoal das messes. É isso que impede que haja uma verdadeira polícia criminal em Portugal e que os números que passamos para a UE não traduzam a realidade nacional."
Notas do Papa Açordas: No Alentejo sempre houveram milícias, pelo menos, desde o PREC. Muitos agricultores se juntavam, armados, para defenderem as suas propriedades das ocupações selvagens, comandadas pelo PCP. A GNR é uma polícia de quartel, sem efectivos adequados e uma mobilidade reduzida, devido à falta de viaturas e combustíveis...
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