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"Ontem aconteceu uma derrota para o jornalismo. E não tem que ver com os três que a RTP, a SIC e a TVI enviaram. Tem que ver com uma intromissão indevida. Mas que raio estavam lá a fazer os jornalistas? Aqueles ou outros? Portugal precisa de ser governado e ontem havia dois homens que tentavam convencer os portugueses de que podem ser o próximo primeiro-ministro. E acontece que esses dois eram, são, os únicos que o podem ser. E acontece, ainda, que ontem foi o único dia que os dois tinham para se combater - dando a cara e as ideias. Alguém a intrometer-se estaria sempre a mais. Os portugueses só precisavam de que as televisões lhes dessem câmaras, luzes e microfones para que o duelo lhes chegasse a casa. A haver alguém a mais só seria necessário quem soubesse como funciona um relógio, para repartir o tempo a meio. Mais nada. Ontem, porém, meteram no estúdio três jornalistas que cumpriram a mesma função intrusiva e desnecessária dos pés de microfone que, nos corredores, pedem a opinião daqueles que, um minuto antes, estiveram no estúdio a dizer o que queriam. Com um agravante: os três de ontem, porque importunavam, não deixaram que se visse, como completamente devia ter sido visto, a coça que Passos Coelho levou. Primeiro, de si próprio, porque medíocre. Segundo, de si próprio, porque sonso (inventando um adversário que não o que tinha à frente). E, terceiro, de si próprio, porque manifestamente inferior a António Costa."
(Ferreira Fernandes - Diário de Notícias)
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
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