sexta-feira, 11 de setembro de 2015

E não é que o grande problema da coligação PAF, afinal, é Passos Coelho?

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"Enquanto a campanha eleitoral se desenrolou no campo das máquinas partidárias tudo corria bem para o PAF. A diferença entre o profissionalismo e a organização das duas campanhas chega a ser chocante. E longe de ser só no campo dos aspetos mais ligados, digamos, à forma, como a habilidade como se semeavam resultados de sondagens que iam corroendo a confiança do adversário, como se criavam factos e fait-divers de cada vez que o PS tinha uma mensagem importante para passar ou aconteciam coisas desagradáveis para a coligação, como se ampliavam os mais pequenos erros de campanha do PS. As redes sociais serviam para amplificar os slogans e para criar ruído segundo as necessidades e os media que se alimentam delas fariam o resto. Mas sobretudo a mensagem política estava bem formulada, era fácil de perceber e ainda mais fácil de difundir pela máquina partidária e pelos delegados mais ou menos ligados aos partidos da coligação nos media; os sound-bytes eram orelhudos e repetidos à saciedade; os alvos estavam bem definidos e eram trabalhados com uma mensagem dirigida para cada um deles e não duma forma global.
Não me recordo duma campanha tão bem feita.
O facto é que o primeiro revés da campanha aconteceu quando a sua principal figura, o candidato a permanecer como primeiro-ministro, teve de aparecer sem ser num ambiente protegido. Passos Coelho não foi capaz de passar as tais mensagens tão bem desenhadas e que pareciam, enunciadas por outros ou apenas através de instrumentos de campanha, tão efetivas. Das três uma: ou as mensagens não eram assim tão boas, ou Passos Coelho as não conseguiu passar, ou na boca dele soam a falso. A questão é que a campanha estava a correr bem até o atual primeiro-ministro ter de debater as tais ideias.
Percebe-se agora melhor porque havia tanta falta de vontade de fazer debates, porque se limitaram tanto as aparições de Passos Coelho.
Nada vai mudar na estratégia do PAF, o desafio será tentar fazer esquecer o debate de ontem e muito provavelmente o da próxima quinta-feira e retomar o rumo definido. O problema é que agora está muito claro que se quer e porque é que se quer esconder Passos Coelho - e o eleitorado é capaz de não apreciar um candidato que se esconde."
(Pedro Marques Lopes - Diário de Notícias)

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