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Os grandes partidos exigiram aos jornais "um plano de cobertura jornalística do período eleitoral". E que o plano é obrigatório e deve ser apresentado a uma comissão que dará, ou não, o beneplácito. Boa! Sou adepto do plano jornalístico. Quando o diretor me pede um artigo, eu peço logo um plano prévio: "Por ou contra, chefe?" Nos acontecimentos a vir, como uma campanha eleitoral, o plano é ainda mais necessário. A bíblia do jornalismo são as cenas iniciais do filme Bananas, de Woody Allen. Lembro, no palácio presidencial duma república das bananas, o repórter diz para a câmara: "Dentro de minutos, o presidente vai descer a escadaria e será baleado." Jornalismo é isto, é plano. Eu, para as próximas legislativas, tenho previsto dar os resultados uma semana antes do voto. Faço-o pela ideia planeada que tenho do jornalismo, mas também por cidadania: com o povo prevenido, há menos chances de fraude eleitoral. A maioria dos meus colegas, gente atrasada, já se insurgiu contra o grande plano dos grandes partidos. Mas eu sou pelo plano minucioso e exaustivo. Por exemplo, no dia 21 de setembro, no Porto, Paulo Portas faz um manguito à multidão e anuncia que parte para a Síria, para aderir ao Estado Islâmico. Comigo, o DN só publica o previsto no plano para a edição do dia 22/9, nem mais nem menos. Na página 11, a foto a uma coluna, grande plano de cara a três quartos, sorridente, com a legenda: "Presidente do CDS, ontem, em Monchique."
(Ferreira Fernandes - Diário de Notícias)
sexta-feira, 24 de abril de 2015
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