segunda-feira, 13 de março de 2017

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 Jumento do Dia

   
Paulo Núncio

Não há qualquer conflito entre exercer a profissão de advogado, ir para membro do governo e voltar a ser advogado, esse é o percurso de uma grande parte dos nossos governantes, já que quanto a deputados não faltam o que acumulam as duas funções. O problema é quando se trabalha com offshores e depois surgem situações como estas.

Para advogado as declarações sucessivas foram, no mínimo, atabalhoadas, começou por dizer que era um problema estatístico, depois sugeriu culpas alheias e acabou por assumir responsabilidades políticas pela falha, que depois veio a dizer que tinha sido uma opção pessoal e não uma falha. Agora vem Assunção Cristas dizer que tudo esteve bem e já há quem chame Centeno ao parlamento como se o culpado fosse o actual ministro.

No meio de toda estas confusão e quando é evidente que não terá ocorrido qualquer violação das normas fiscais sabe-se que Núncio tinha sido advogado das entidades que transferiram o dinheiro na calada da noite estatística.

Há aqui qualquer coisa em que não bate a bota com a perdigota.

«O novelo em torno das transferências para offshores que não passaram pelo crivo do fisco continua a adensar-se. E as ligações do ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio a paraísos fiscais podem desempenhar um papel importante para a clarificação da história. Na sexta-feira, o Jornal Económico e depois o Observador noticiaram que Núncio fez parte da equipa de advogados da Garrigues até entrar no Governo, uma sociedade internacional de advocacia, com sede em Espanha, que teve como cliente a petrolífera venezuelana PDVSA. Segundo o Jornal Económico, foi esta empresa que fez uma parte "significativa" das transferências de 7,8 mil milhões para o Panamá através do BES, entre 2012 e 2014, e que passaram ao largo da fiscalização da Autoridade Tributária.

Mas esta não é a única ligação do ex-governante a regiões com tributação privilegiada. Ao que o PÚBLICO apurou, Paulo Núncio criou empresas na Zona Franca da Madeira (ZFM), para a qual trabalhou durante dez anos, como fiscalista. Este dado é relevante uma vez que a publicação de dados sobre a Madeira foi a única dúvida oficial levantava por Núncio para não publicar dados sobre offshores.

A esquerda não deixou de notar a coincidência de as transferências do antigo cliente de Núncio estarem no lote das declarações ocultas no fisco. A líder do BE, Catarina Martins, apontou o dedo à “porta giratória entre o poder político e o poder económico no nosso país" e à "forma como é feito um assalto económico, um assalto à riqueza do nosso país de uns poucos contra a grande maioria". E o PS anunciou que vai chamar novamente ao Parlamento o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais para apurar responsabilidades políticas, perante "factos novos".» [Público]

In "O Jumento"


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