domingo, 21 de outubro de 2007

O DESASTRE DE LISBOA

Porque se ria a hiena

Um excelente artigo de opinião de António Barreto, publicado hoje no Público,
com o qual concordo e aconselho a ler. Eis alguns excertos:

"...Depois de ter prometido a ultrapassagem da América nos domínios do crescimento,
da ciência, da inovação e do emprego, a "Estratégia de Lisboa" foi um monumental
fiasco. Segue-se-lhe o "Tratado de Lisboa", adornado de ainda mais euforia e de ainda
mais ilusões vencedoras. Este desastre de Lisboa não ficará conhecido por aqui se ter
decretado uma Europa federal, comandada por franceses e alemães, distante dos
povos, alheada dos problemas sociais e políticos do continente e contrária à diversidade
secular dos seus povos. Não será isso pela simples razão de que essa Europa federal
nunca terá existência. O desastre de Lisboa ficará na história porque aqui se assinou
um tratado que consagrou a não democracia como regime europeu e consolidou
a burocracia e a nomenclatura europeias. Ao fazê-lo, confirmou a caminhada
futura para uma ilusão senil, irrealizável e não democrática. Ao tentar construir uma
impossibilidade, prepararam a destruição do possível. Ao querer uma União federal,
eliminaram a hipótese de uma verdadeira Comunidade".

"...As instituições democráticas nacionais estão a definhar e alguns direitos fundamentais
são postos em causa na Inglaterra, em França, na Polónia ou em Portugal. Ao mesmo
tempo, as instituições europeias ganham poderes e competências, mas sem povo nem
reconhecimento, sem tropas nem magistrados, sem aceitação pública nem experiência.
A democracia europeia é uma ficção oca, sem substância, sem sociedade e sem vida...
a nomenclatura europeia criou um paraíso artificial e chamou-lhe União.

In Público, 21-10-07

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