Faltar é o que está a dar
Não me parece que a questão do tratamento das faltas no novo estatuto do aluno mereça tanta agitação por parte de líderes partidários, mas não deixa de ser uma questão a merecer reflexão. Não estou na posse de todos os dados, apenas avalio a medida pela mensagem que representa, aliás, a mesma mensagem que chega a alunos e a encarregados de educação. E a mensagem é a de bandalhice.
O sistema de ensino encontrou a solução para resolver um problema insolúvel na lógica do ensino obrigatório, o que fazer de um aluno que falta e reprova? Claro, encontra-se um esquema para que passe, para que chegue possa concluir com êxito o ensino obrigatório e as escolas poderem livrar-se dele. Mais tarde ou mais cedo alguém vai descobrir que os professores são os culpados pelas faltas dos alunos, se eles faltam é porque o professor não é capaz de os motivar. O que não é novidade, não falta por aí quem diga que se os alunos chumbam é porque os professores não sabem ensinar.
Num país em queda permanente dos níveis de produtividade a mensagem que se dá às futuras gerações é que a bandalhice não é inimiga do sucesso. Só não consigo adivinhar quem vai conseguir convencer estes jovens que os horários são para cumprir quando chegarem à idade adulta e arranjarem um emprego, se tiverem essa sorte.
Nas mesmas turmas teremos dois tipos de alunos, os que não faltam e estudam e os que podem faltar, porque os pais o permitem e o Estado admite. Vamos ter os que seguem a educação dada pelos familiares e os que beneficiam da má educação promovida pelo Estado.
Chego a interrogar-me se alguns dos responsáveis pelo Ensino conhecem mesmo as nossas escolas, duvido.
In O JUMENTO, 30-10-07
terça-feira, 30 de outubro de 2007
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