quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A cigarra e a formiga

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Manuel António Pina

Na Madeira o Carnaval financeiro continua animado. Desta
vez (crise?, qual crise?) são três milhões de euros só para
iluminações natalícias e fogo-de-artifício que, com o "programa
de animação" dos ilhéus, que andavam desanimados desde que
Jardim confessou estar "entalado" com dívidas e não ter mais
euros para distribuir (entretanto, porém, já terá pedido ajuda a
Passos Coelho), poderão chegar a 5 milhões. A pagar pelos
subsídios de férias e Natal adivinhe-se de quem.

Uma verdadeira festa à madeirense: financiamento com
dinheiros públicos dos negócios de empresários de hotelaria e
comerciantes locais, tudo gente amiga que, como de costume,
não gastará um chavo, limitando-se a ficar eternamente grata
a Jardim e a embolsar lucros com incontáveis e embasbacadas
multidões de turistas que "vai vir em 'charters'" da China e do
Mundo inteiro para ver as "iluminações"; e contratação das
"iluminações" por ajuste directo à empresa de um ex-deputado
do (surpresa!) PSD-M e por um preço meio milhão acima do
valor por que ela se propusera fazê-las em concurso público
entretanto anulado após impugnação de outros concorrentes.

Enquanto isso, por cá, os "cubanos" passarão o Natal às escuras
pois, como diz o Governo da "troika" (ou lá de quem ele é), é
preciso empobrecer. É a nova versão da fábula da cigarra e da
formiga, com a cigarra sempre a folgar e a formiga, na penúria,
a trabalhar para lhe pagar os folguedos. (Jornal de Notícias)
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