Jumento do dia
Cavaco Silva
Na sua última comunicação ao país Cavaco foi igual a si próprio, foi uma síntese do que tem sido nos últimos anos. Só alguém com uma dimensão saloia começaria a mensagem falando de si, das suas viagens, dos seus discursos, dos seus roteiros, termina desta forma egoísta dois mandatos em que a sua principal preocupação era com a sua própria imagem. Foi uma mensagem cheia de eus como se ele fosse a síntese e o centro dos portugueses.
De caminho aproveitou para mais uma vez afirmar o seu discurso ideológico na tentativa de o considerar uma bandeira nacional, ignorando que os portugueses ainda recentemente lhe disseram não. O país ficou a saber que os portugueses atribuem as culpas ao Estado. Aquele que transformou o Estado numa espécie de versão tuga do Estado soviético diz agora que os portugueses «pedem apenas que o Estado crie condições para que possam desenvolver o seu trabalho e, depois, que os poderes públicos não estabeleçam entraves à sua atividade, desde a criação de emprego e riqueza até à defesa do património e do ambiente, passando pela inovação social e tecnológica.» Enfim, é preciso muita lata.
A comunicação chegou mesmo a roçar o ridículo, como quando comparou os retornados de África aos refugiados de hoje e ultrapassou os limites da lucidez quando sugeriu que ele é que conhece bem Portugal e os portugueses chegando ao ponto de dizer que os jornalistas não conhecem o país, como se as suas viagens e roteiros tivessem sido escapadelas secretas. Enfim, Cavaco escolheu esta ocasião para não restassem dúvidas sobre quem é.
In "O Jumento"
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