sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O Silêncio dos Culpados

O Silencio dos culpados

O relatório da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) sobre a ida de dois agentes da PSP ao Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC) na Covilhã na segunda-feira conclui que tudo o que se passou foi normal e que não há ninguém a quem atribuir qualquer culpa: nem aos dois agentes envolvidos, nem aos comandantes da PSP de Covilhã e Castelo Branco, nem ao corpo de segurança pessoal da PSP que protege o primeiro-ministro, nem a José Sócrates. In "Sol"
E eu acrescento que nem do Sr. Silva, nem do Dalai Lama, nem do José Mourinho, nem do Papa. Como dizia o José Mário Branco no seu “FMI”, “A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né?” Mas vão ler a noticia [AQUI] que vão achar graça e poder ler “Não há qualquer indício, em particular, de ingerência de S. Exa. o Primeiro-Ministro, tendente a interferir no exercício do direito de manifestação”, que os dois agentes foram aqueles sindicatos por serem os que ficavam mais perto da esquadra e outras do género.
Pronto, vou aceitar que tudo isto não passou de uma confusão, de um mal entendido e que não houve qualquer intenção de criar constrangimentos à manifestação, nem condicionar os protestos. Mas convêm que o Sr. Engenheiro compreenda que, se este problema aconteceu, isso se deve às suas tristes e arrogantes declarações sobre os sindicatos e sobre as vaias a que tem sido sujeito. Tudo isto se deve à sua irritação para com quem não concorda com ele, tudo isto se deve por não só ficarem impunes, como até serem recompensados como aconteceu no caso da DREN, as atitudes pidescas de caciquismo de alguma gente demasiadamente empenhada em agradar ao Engenheiro. É nas mãos dele que está a solução para nos tirar de cima esta sensação de medo, estes olhos bufos que sentimos um pouco por toda a parte, esta ideia de que a liberdade hoje já não é o que era. Aceite viver em paz com as vaias, as manifestações os protestos, as opiniões contrárias e as criticas. Aceite a viver até com os insultos e com as duvidas que existem sobre a sua licenciatura. Aceite tudo isso e espere por 2009 para nos mostrar que estamos todos enganados e que o povo deste país o idolatra e adora. Claro que corre o perigo de vir a ter uma surpresa, mas, tem de aceitar que por mais rafeira que ela já seja, ainda vivemos numa democracia.

In Wehavekaosthegarden, em 12-10-07

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