segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O PSD no seu melhor

A opa sobre o PSD


Inesperadamente, ou talvez não, as directas para a escolha do líder do PSD estão a mostrar ao país que o partido que mais governou este país não passa de uma associação recreativa mal organizada. Depois do espectáculo triste que os dois candidatos têm proporcionado ao país, assiste-se a uma verdadeira opa em vésperas da escolha, os votos estão a ser comprados a troco do pagamento de quotas.
Trata-se de herança resultante do passado genético do PSD, lembra-nos a ANP de que o PSD herdou dirigentes, estruturas e membros. Tal como sucedia no tempo da ANP, também quando o PSD governa tende a confundir a sociedade e o Estado com o partido, multiplicam-se as pressões para que cidadãos com cargos no Estado ou que exercem actividades que dependem da generosidade governamental adiram ao partido. Recordo o tempo de Cavaco Silva, quando, com alguma periodicidade, se realizavam sessões de apresentação dos novos sócios, algumas realizavam-se no CCB e professores e cientistas eram apresentados à sociedade como se fossem aquisições de uma equipa de futebol.
Mesmo depois da limpeza dos cadernos constata-se que uma parte significativa dos militantes não pagam as quotas, desinteressam-se das suas “acções” numa empresa que deixou de dar lucro. Chega-se ao cúmulo de nos Açores, onde lidera um tal Costa Neves, que foi ministro da Agricultura (que contava com o actual secretário de estado dos Assuntos Fiscais como zeloso assessor até ao dia em que a pia baptismal das Novas Fronteiras o converteu num crente convicto das vantagens do socialismo anunciado por Sócrates), apenas 36 dos 8218 terem as quotas em dia.
O mais curioso é mesmo com a compra de votos com dinheiro de origem desconhecida há uma grande probabilidade de a escolha vir a ser decidida pelos “militantes” açorianos que não pagam quotas.
Ainda bem que tudo aponta para mais uma derrota eleitoral do PSD nas próximas legislativas, se isso não suceder o país corria o risco de vir a ter um primeiro-ministro que chega ao cargo porque uns amigos duvidosos lhe compraram os votos ou por meia dúzia de militantes açorianos, quem nem pagam quotas, votam onde Costa Neves ou Mota Amaral lhes diz para votarem.

In O JUMENTO, 24-09-07

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