segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Benfica. Dona águia Solitária faz absorta a sua malha...

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Se perder no próximo domingo, no Porto, o Benfica continuará em primeiro, com dois pontos de avanço; se empatar ou ganhar, deixa os adversários em muito maus lençóis. O Sporting recebe o último, o Arouca, envolto num ambiente de desconfiança por parte dos adeptos e na guerra do seu presidente para transformar Taças de Portugal em campeonatos não ganhos

Dificilmente as coisas poderiam correr melhor para os lados da Luz. Comandando o campeonato à 9.a jornada, com apenas um empate cedido (1-1 com o Vitória de Setúbal, em casa), o Benfica tem vindo a beneficiar com as ofertas dos seus concorrentes diretos na luta pelo título e que ainda este fim de semana voltaram a desperdiçar pontos deixando a águia a voar sozinha nos céus vermelhos da sua alegria.
A verdade é que já ninguém estranhou os empates de Sporting na Madeira, frente ao Nacional, e do FC Porto em Setúbal, frente ao Vitória, ambos por 0-0. Dos azuis-e-brancos sabe-se que não são especialistas em desenculatrar defesas adversárias; dos verdes-e-brancos sabe-se que vegetam numa crise até há pouco tempo inimaginável que os condenou a três empates consecutivos nas últimas três jornadas. Com o seu presidente mais preocupado a transformar Taças de Portugal em campeonatos que não ganhou (ficámos a saber recentemente, numa tirada que poderia ser, como se diz por aquelas bandas, ofensiva da inteligência humana, e vá lá saber-se se também das outras inteligências não humanas, que até o simpático do Carcavelinhos, predecessor do Atlético, já foi campeão nacional) do que propriamente resolver os problemas de uma equipa que pratica um futebol triste e alheado, o Sporting condena-se a estar a sete pontos da liderança, o que, convenhamos, é quase um ponto perdido por jornada em relação aos seus rivais da 2ª Circular.
Tranquilidade Essa palavra que Paulo Bento espalhou pelo léxico do futebol português parece encaixar como uma luva de pelica dos antigos Armazéns Grandella na personalidade de Rui Vitória.  De um ano para o outro, as coisas surgem-lhe tão diferentes como da água para o vinho, por mais aguado que seja este. Na época passada era fonte de desconfianças depois de ter perdido a Supertaça para Jorge Jesus (o que foi um rude golpe nos encarnados) e de se ver atirado para um papel de pouco protagonismo na luta inicial pelo título de campeão. Sabe-se como tudo acabou: com um sorriso de Rui Vitória e de Luís Filipe Vieira de orelha a orelha. E esses sorrisos cúmplices permanecem numa altura em que o Benfica cavou para o FC Porto uma distância de cinco pontos, algo de muito confortável se pensarmos que a próxima jornada contempla, exatamente, um FC Porto-Benfica, nas Antas. Suceda o que suceder no dia 6 de Novembro, por volta das oito da noite, agora cada vez mais noite por via dessa maçada que é a hora de Inverno mai-los dias a fechar portas pelo meio da tarde, Dona Águia Solitária poderá continuar a fazer absorta a sua malha, como diria o Carlos Tê e cantaria o meu bom amigo Rui Veloso, sabendo que o primeiro lugar ninguém lho tira e, mesmo em caso de derrota, a vantagem continuará a ser de uns gostosos dois pontos.
Pior ficarão as coisas para os adversários se o Benfica sair do Porto com um ou três pontos. Ultrapassará o primeiro grande obstáculo da primeira volta e ficará no poleiro à espera de receber o Sporting lá para o final do mês. 
Falta muito Claro que falta muito. Mas os campeonatos têm momentos decisivos que não são apenas os que surgem nos instantes derradeiros.  Manda o bom senso e o respeitinho, que é muito bonito, que os discursos de quem vai à frente se rejam por uma bitola de modéstia e de contenção, não vão as coisas dar para o torto assim de um momento para o outro, castigando os que têm mais garganta do que juízo. Está aí o exemplo do último campeonato para provar o que digo. O futebol castigou duramente a farronca. Quem se via já campeão, de faixa ao pescoço pelo correr do Natal, sofreu na pele o preço da arrogância não sustentada. Tudo parece, agora, virado do avesso. Recebendo o Arouca, que faz parte do rés-do-chão da tabela classificativa, o Sporting pode ter um final de domingo alegre e bem disposto. Afinal, Benfica e FC Porto podem ambos perder pontos. E se assim não for, um deles perderá três. Algo de que o leão precisa como de oxigénio, bem mais do que de discursos ocos clamando por vitórias inventadas nos cadernos da história que não se apaga nem se modifica por mera vontade de um orador inflamado e de uma plateia descontente. Os sinais de impaciência dados pelos adeptos sportinguistas após o jogo da Choupana precisam, como é natural, de manobras de diversão. Pela primeira vez desde que chegou a Alvalade, Jorge Jesus ouve assobios e críticas e sujeita-se à terrível lei do descontentamento e ao direito soarista à indignação. O Arouca, mergulhado numa crise que não deve dissociar-se das tarefas europeias do início da época, parece ser o “partenaire” ideal para uns passos de dança de fuga à depressão. Mas disse o mesmo do Tondela e a previsão virou-se contra mim como uma severa lição.(Ionline)

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