Jumento do Dia
O que pode levar alguém a dizer que é licenciado, enganando um primeiro-ministro que confiou nele e mandou publicar, no Diário da República, um currículo onde o artista se diz engenheiro? Isto só é possível quando a ambição e a estupidez se combinam em grande quantidade. Alguém que julga chegar ao topo da pirâmide e não quer dizer, alguém que não sabe que se apanha mais depressa um mentiroso do que um coxo.
Para que não apareçam novos chicos espertos resta esperar que o primeiro-ministro mande apurar se foram feitas falsas declarações, comportando-se de forma exemplar, mandando o caso para o MP. Seria uma lição para o imbecil e um aviso à navegação, para não se repitam casos futuros.
«Rui Pedro Lizardo Roque apresentou esta terça-feira a demissão de adjunto do primeiro-ministro, “que foi aceite”, informou uma fonte oficial de São Bento. O assessor, que nunca fez a licenciatura que consta no seu despacho de nomeação, apenas completou quatro cadeiras do curso de Engenharia Eletrotécnica na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). Segundo apurou o Observador, Rui Roque terá concluído apenas as cadeiras de Programação de Computadores, Física I, Estatística e Métodos Numéricos, e Desenho e Métodos Gráficos. A primeira disciplina foi feita em 1998 e a última data de 2002. Estas cadeiras são do primeiro ciclo do plano de estudos pré-Bolonha do curso de Engenharia Eletrotécnica (uma das cadeiras poderá ter sido feita em Engenharia Física, o curso em que esteve inicialmente matriculado um ano).
Estes dados sugerem que Rui Roque apresentou falsas declarações quando foi dado como licenciado a trabalhar no gabinete do primeiro-ministro (numa função que não tem como pressuposto a obrigação de ter qualquer grau académico). Da mesma forma, qualquer documento que tenha apresentado como prova de que tinha a licenciatura só pode ser considerado falso à luz das informações recolhidas pelo Observador. O antigo militante da Juventude Socialista terá mostrado a digitalização de um documento alegadamente passado pela universidade no gabinete do primeiro-ministro — que tinha inclusive uma média das suas notas –, mas não foi possível apurar se esse documento tinha o objetivo de tentar comprovar a licenciatura. Apesar da insistência do Observador, não houve ao longo desta terça-feira qualquer reação de São Bento. Também não foi possível voltar a contactar Rui Roque.» [Observador]
In "O Jumento"
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