O saber não ocupa lugar. Todos conhecemos este ditado popular e ninguém contesta a ideia que está na base.
No entanto, a recompensa para quem estuda em Portugal já foi maior tendo em conta os rendimentos.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o rendimento salarial médio mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem com ensino superior baixou 19,5% em duas décadas.
Os trabalhadores com formação universitária chegaram a receber, em 1998, a preços de 2016, 1518 euros líquidos mensais. No ano passado, esse valor tinha caído para 1223 euros.
A verdade é que, desde o início da crise económica que afetou Portugal nos últimos anos, os salários destes trabalhadores têm descido.
Ainda assim, não é apenas o salário dos trabalhadores com ensino superior que tem estado a diminuir. Há quebras para todos os níveis de escolaridade.
Salários mais altos em setores com menos concorrência
Os salários mais altos concentram-se sobretudo nos seguros, banca, energia e no Estado.
“Esses salários mais altos ocorrem em setores de bens ou serviços não transacionáveis. A começar pelos bancos, onde os custos salariais têm aumentado de forma exponencial, como foi o caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD). A troika e o governo anterior tentaram alterar este panorama de setores protegidos, mas está à vista que não conseguiram”, explicou recentemente Pedro Ferraz da Costa, presidente do Fórum para Competitividade.
Por exemplo, o salário médio no setor financeiro e seguros foi de 1409 euros no ano passado. Um valor que representa um aumento de 49 euros em relação ao ano anterior.
Mas a banca é apenas um exemplo. No entender de João Carlos Cerejeira, professor da Universidade do Minho, é preciso ter em conta que “os vários subsetores do Estado têm, por vezes, pessoal mais qualificado e, portanto, vencimentos mais elevados. No entanto, olhando para as estatísticas do INE, é bem verdade que os salários mais altos estão muitas vezes em setores protegidos”.(Ionline)
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