quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Aos 67 anos, António Guterres chega ao topo da carreira internacional

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A história daquele que Marcelo Rebelo de Sousa considera “o mais brilhante da sua geração”.

Um português vai chegar ao cargo mais alto e distinto na arena diplomática. A secretaria-geral da Organização das Nações Unidas não é um cargo de poder executivo, mas é reconhecida como a posição de maior influência nas relações internacionais.
Como é que um ex-primeiro- -ministro socialista, de um país de pouco relevo externo, conseguiu vencer a vontade de Ban Ki-moon, Angela Merkel e as preferências regionais e de género dos membros permanentes do Conselho de Segurança? Especialistas garantem que o perfil de António Guterres foi o maior responsável para que a sua campanha de candidatura à ONU fosse consagrada com sucesso, reunindo consenso político em Portugal e na Assembleia-Geral da maior organização internacional do planeta. Este é um breve resumo de uma história que, a partir de hoje, ainda tem muito por escrever.
Nascido na freguesia de Santos-o-Velho, em Lisboa, no ano de 1949, é filho de um funcionário da Companhia de Gás e Eletricidade da capital. A infância é passada entre o Tejo e a Beira Baixa, terra da mãe.
O catolicismo acérrimo vem desde aí.
No Liceu Camões foi colega de turma de Luís Miguel Cintra e destacou-se terminando o ensino secundário com média de excelência. As maiores vocações iam para as disciplinas de Física e Matemática. O ingresso universitário no Instituto Superior Técnico parecia inevitável. António seria engenheiro; ou, pelo menos, assim acreditava.
A fé manteve-se e participa em eventos da Juventude Universitária Católica, ficando distante do meio académico mais revolucionário dos anos 60, mas próximo de iniciativas sociais ligadas à Igreja. A consciência política progressista terá despertado aí.
Em 1971 termina o curso de Engenharia Eletrotécnica, novamente com média de excelência, e participa em tertúlias com a sociedade civil cristã. É neste início da década de Abril que conhece Marcelo Rebelo de Sousa – ainda hoje seu amigo – e o padre Vítor Melícias, um dos seus maiores confidentes. É o sacerdote que o casa com Luísa Melo em 1972.
Em 74 entra no Partido Socialista e tem papel preponderante no desenvolvimento do PS/Lisboa, com Manuel Alegre. Já depois da revolução dos cravos, sobe a chefe de gabinete de Salgado Zenha, na altura ministro das Finanças. Integra a dissidência de Zenha, Jorge Sampaio e Vítor Constâncio quando Mário Soares recusa apoiar a recandidatura do general Eanes em 1980. No entanto, ao longo dos anos 80 resolve-se com Soares e vai subindo na estrutura partidária. Em 88 é líder do grupo parlamentar socialista. O seu conservadorismo costumeiro vencera o tabu interno.
Surge em 1992 como líder do PS para destronar a hegemonia de Cavaco Silva ao leme de Portugal. Três anos depois, consegue-o e governa com inovação na educação, abertura política e papel fundamental na resolução da crise de Timor-Leste.
Com um desaire autárquico em 2001, demite-se e o PSD volta a governar. Quatro anos depois é convidado para o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, onde esteve uma década, dirigindo mais de 7 mil pessoas em 126 países distintos.(ionline)

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