domingo, 24 de julho de 2016

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 Jumento do dia
    
Cavaco Silva

Cavaco Silva regressou e mostrou que por mais vezes que regresse volta sempre igual a si próprio, a ladainha é sempre a mesma, um auto-elogio e mesmo quando agradece aos que o ajudaram é é para dizer que fez muito. Desta vez regressou para enunciar toda a sua obra, mas, talvez pela sua idade, esqueceu-se de muita coisa.

Esqueceu-se de muitos amigos que os portugueses não esquecem, é o caso de Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Durão Barroso ou Duarte Lima. Falou muito das suas privatizações e lutas contra o "comunismo", mas esqueceu aquele que durante muitos anos foi a sua grande bandeira, a privatização da banca, talvez porque hoje não existe nenhum dos bancos que nasceram com as privatizações.

Só é pena que a data escolhida para estes amigos o homenagearem tenha sido a mesma em que Mário Soares é homenageado. Talvez por isso o homenageado pelos amigos tenha referido a importância das épocas que esteve no governo e na Presidência, como se a ele se devesse a integração de Portugal na CEE, a queda do muro de Berlim, ou o que quer que seja com dignidade histórica. Enfim, Cavaco despede-se da política sob o signo da dor de corno.

Como era de esperar Cavaco não esteve presente na homenagem a Mário Soares, igual a si próprio ignorou o convite e fez-se homenagear a si próprio no mesmo dia. Enfim, Cavaco faltou à homenagem em São Bento, ficou-se pela homenagem dos seus simbólicamente realizado num espaço de antigas cavalariças. Quem pequenino nasce tarde ou nunca consegue crescer. Cavaco já morreu para a política, que descanse em paz no seu condomínio de luxo conseguido com modestos vencimentos e pensões.

In "O Jumento"


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