domingo, 8 de novembro de 2015

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 A PIDE e o que temos hoje

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Nos tempos da PIDE (que antes se tinha chamado PVDE e depois chamou-se DGS) cabia a esta polícia a defesa do regime político. Com a extinção da PIDE e a criação do Ministério Público cabe a este a defesa da legitimidade democrática, um princípio que diz muito sobre a ingenuidade dos que acreditaram que uma entidade corporativa com poderes policiais teria valores mais democráticos do que uma polícia política.

A PIDE era uma polícia política que recorria à tortura, que não hesitava em bater nos presos políticos frentes aos juízes dos tribunais plenários, os condenados não sabiam quando seriam libertados porque ficavam sujeitos às chamadas medidas de excepção que se podiam prolongar por anos. Mas por pudor do ditador ou porque um regime que tentava sobreviver rodeado de democracias a polícia política respeitava alguns limites ditos morais.

Ainda que tenha acontecido algumas vezes não era frequente o recurso à difamação para destruir moralmente os opositores políticos. Aconteceu algumas vezes, como a acusação a Mário Soares de que tinha queimado uma bandeira portuguesa em Londres, mas não era uma forma de tortura instituída. Hoje assistimos a isso diariamente e com uma facilidade que o regime não tinha, hoje há jornais disponíveis para fazer todos os jogos sujos encomendados pelas polícias.

Naquele tempo os tribunais plenários eram um simulacro de justiça, mas tinham a vantagem de não enganar ninguém. Hoje os juízes dos tribunais plenários foram substituídos por jornalistas com curso de verdugo, que humilham, condenam, ofendem e quando alguém os critica ainda reagem como virgens abusadas. Se dantes haviam juízes do plenário sem dignidade hoje também temos juízes de instrução que quando a polícia diz mata eles acrescentam esfola, em vez de velarem pela defesa dos direitos constitucionais optam por se colocar no papel de acusadores.

Dantes os jornalistas eram defensores dos direitos individuais, desconfiavam das polícias e defendiam os valores da liberdade, hoje são instrumentos de difamação, de destruição, são pagos para acenderem as fogueiras do Santo Ofício. Com estes magistrados, com o poder da máquina fiscal e com estes jornalistas a ditadura ainda estaria no poder. 

In "O Jumento"


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