«Em 2009, o grande vencedor poderá ser a soma dos brancos, dos nulos e dos que não se deram ao trabalho de ir votar.
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Pode o governo dizer-se de esquerda e governar à direita? Pode, mas não deve. À semelhança da natureza, os sentimentos também têm horror ao vazio.
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Deve ser por essa razão que, a fazer fé nas sondagens, à esquerda do PS, as intenções de voto já valem mais de 20 por cento e o PSD e o CDS difícilmente conseguem ultrapassar os 30 por cento. Quer isto dizer que o Governo captou metade das simpatias eleitorais do PSD, alienou uma parte dos seus eleitores de esquerda e a outra parte está a ver como param as modas. Bem pode acontecer um terramoto abstencionista em 2009 e o grande vencedor acabar por ser a soma dos brancos, dos nulos e dos que não se deram ao trabalho de ir votar. Circunstância que faria aumentar a influência do Presidente da República na condução da vida política e compreender, de facto e finalmente, o que ele entende por cooperação estratégica.
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Retrospectivamente, pode afirmar-se que foi com o XV Governo, chefiado por Durão Barrosos e tendo Manuela Ferreira Leite como ministra das Finanças, que teve início o presente ciclo político caracterizado por um ataque, sem olhar a meios, ao défice público. E os meios são, neste caso, os portugueses trabalhando por conta de outrem e vivendo do seu salário ou, não trabalhando e vivendo das moedas que a Segurança Social vai deixando cair. O regresso da ex-ministra das Finanças para disputar as eleições de 2009 com o actual primeiro-ministro representará, por isso, pouco mais do que uma espécie de sabatina para ver qual dos dois despeja mais "social" no fosso que separa a Lapa do Bairro do Fim do Mundo.
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Sendo isso o que, do lado da alternância, vai estar em jogo, é bem provável que o primeiro-ministro leve a melhor. Não porque vá apresentar argumentos mais sólidos e particularmente diferentes dos de Manuela Ferreira Leite, mas porque, no plano quantitativo e com níveis de austeridade equivalentes, conseguiu baixar dos 6,8 por cento para menos de 3 por cento o défice das contas públicas. Sendo gémeos na iniquidade, um deles foi claramente mais eficiente. E tendo essa eficiência sido conseguida à custa do aumento indiscriminado de impostos, do congelamento de salários na administração pública e do recuo do Estado nas funções sociais, não há razão para descontentamento daqueles que viam no PSD o melhor representante dos seus interesses. Além disso, os tempos não vão para grandes incertezas, e por isso vai valendo mais um PS na mão do que um PSD a voar.
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Logo, não estando iminente o regresso do PSD ao governo, o debate que mais interessa aos portugueses trava-se à esquerda, apesar de na bancada da maioria se sentar quem defenda que "governar Portugal na globalização é incompatível com alianças à esquerda", ou governar à esquerda, pelos vistos. As reservas do passado, as hesitações do presente e os exemplos que vêm de fora serão úteis na medida em que forem aproveitados mais como argumentos que hão-de contribuir para o ajustamento de uma alternativa do que como álibis para se esperar por melhores dias. É compreensível que o Governo não tenha uma palavra a dizer nesta demanda, a não ser que está tudo sob controlo, "o PS sempre que pode pensa nos mais desfavorecidos", dêem-nos mais quatro anos e vão ver, etc. E os socialistas? (Cipriano Justo - Público)»
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apesar de tudo não acredito que o PS perca, possivelmente irá ganhar mas sem maioria, infelizmente é o que temos.
ResponderEliminaro k é isto?? Alguma encomenda do governo?? se não é...parece! (mas é!)
ResponderEliminarM
Em suma estamos sodidos com Fócrates! Este povo está com muito sono, não vai acordar para ir às urnas protestar! Já que é impossível esperar vitórias ao menos que festejemos derrotas!
ResponderEliminarUm abraço em fim de esperança