terça-feira, 13 de maio de 2008

Ups...foi engano

“António Nunes reconhece que, por lapso, enviou o documento. Este episódio arrasa a credibilidade da ASAE
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Sempre considerei o consumidor português um pobre coitado. A falta de concorrência, a inexistência de entidades capazes de exercer fiscalização efectiva e a morosidade desencorajante da Justiça deixaram-nos à mercê dessa protecção infalível que é a sorte. Daí que quando surgiu a ASAE me tornei uma defensora entusiasta e militante dessa agência que nos iria defender dos vários riscos criminosos nas cadeias alimentar e económica.
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A fiscalização musculada da ASAE suscitou críticas que me deixaram estarrecida: ora o repentino apego à colher de pau; ora a saudade da mão suada do vendedor nas bolas de Berlim; ora a mágoa por não se comer arroz de cabidela em qualquer vão de escada; ora a visão apocalíptica de uma população tão higiénica que o seu sistema imunitário deixaria de funcionar (sic!).
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Para salvaguardar estes desígnios nacionais, pouco importaria condenar os consumidores a um mínimo de três intoxicações alimentares/ano, a tascos imundos, a cozinhas de fazer corar uma ETAR e a víveres acondicionados em valas comuns com ratazanas. Com o raciocínio toldado pela nostalgia, ninguém reparou que o consumidor fica mais protegido quando compra um carro, contrata serviços, vai aos saldos ou oferece brinquedos a crianças.
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Mas eis que começam os relatos de interpretações abusivas e sanções desproporcionadas. Existe um ‘documento de trabalho’ enviado pela sede nacional da ASAE para todos os directores regionais que fixa as metas de detenções, processos--crime, contra-ordenações a atingir em 2008… por inspector! António Nunes negou a sua existência; depois reconheceu que existia, mas que nem o conhecia, nem era da sua responsabilidade. Finalmente, António Nunes reconhece que, por lapso, enviou o referido documento. Foi por lapso, mas este episódio arrasa a credibilidade de Nunes e da ASAE.
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A este lapso soma-se o da ministra da Saúde ao contradizer o ministro das Finanças e o do primeiro-ministro ao contradizer a ministra; os lapsos da administração fiscal ao penhorar abusivamente milhares de contribuintes; o lapso do primeiro-ministro ao prometer um referendo ao Tratado Europeu que não cumpriu; o lapso do ministro da Justiça ao agravar em mais de 500 euros as custas para a adopção; o lapso do ministro da Agricultura que não pagou aos agricultores quando devia. E o lapso colossal de dar maioria absoluta a José Sócrates. (Correio da Manhã)
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Nota do Papa Açordas: Um bom texto de Teresa Caeiro na sua coluna Margem Direita, no CM, e que recomendamos a sua leitura.

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